Ultimamente, considerei mudar essa coluna de "filosofia de pia" para "filosofia de sova". Embora lavar a louça continue sendo um ótimo momento para divagar, me impressiono com o quanto posso estar atenta a uma massa de pão e paralelamente me deixar levar por assuntos que de outra forma eu não me daria o tempo de desenvolver.
Por exemplo: num dia em que levantei bem cedo e fiquei fora até o fim da tarde, eu precisava fazer pães que foram encomendados para a manhã seguinte. Por conta do cansaço estava com um certo bode, já que o compromisso a cumprir exigia energia física (preparo e sovo tudo manualmente).
Coloquei uma música e fui dizendo cá com meus botões que tinha que parar de pensar no cansaço e preparar os pães sem pressa, com dedicação, como todos os outros. Que os queria macios, bem crescidos, com domo alto. "Preciso sovar direitinho, pra massa ficar tesa e crescer bem".
Foi aí que me distraí, deixando o trabalho todo a encargo dos braços.